Distopia x Realidade

     Discutir sobre o jeito que a nossa sociedade funciona (a mistura entre a sociedade disciplinar e a de controle) me fez pensar em quanto as situações em distopias estão muito mais perto do que costumamos pensar.

    Na saga "Jogos Vorazes", a sociedade é dividida em 12 distritos e a Capital. Cada um dos distritos tem sua função pré-estabelecida para fornecimento de algum elemento necessário na Capital, por exemplo: o Distrito 4 é responsável por fornecer produtos advindos da pesca e o Distrito 12 por carvão e outros minerais. Tudo feito nos distritos é voltado para a finalidade dada a eles, as pessoas nascem e crescem sabendo onde e com o que vão trabalhar e são educadas especificamente para isso. Aqueles que se revoltam são reprimidos.

    Pensando no assunto, qual a grande diferença em relação a organização da sociedade atual com a retratada nesses romances? Talvez na nossa vivência não seja uma situação tão escancarada e temos um falso senso de que podemos escolher o que queremos fazer, mas ainda nascemos, vamos para a escola, depois faculdade, e depois vamos trabalhar para produzir algo que, muito provavelmente, não é destinado ao nosso consumo. 

    Para mostrar ainda mais a semelhança, considero o conceito de "processos de subjetivação". Na sociedade atual, percebo que somos cercados de vícios que às vezes nem percebemos que estamos nele. Lembrando do exemplo da professora Andrea, sobre como ela vai em algum dia especifico da semana, toda a semana, na casa de sua irmã, enquanto fazem a mesma coisa, que ela não necessariamente gosta, relaciono com a saga no ponto principal da história: os Jogos. 

    Realizados como forma de punição as revoltas, 2 tributos de cada distrito são enviados para uma arena onde apenas um deles saíra vivo. São levantados questionamentos durante a narrativa sobre o porque que as pessoas não param de assistir aos Jogos. Penso agora que é exatamente esse vício. Algo que foi apresentado durante toda a nossa vida, e simplesmente não conseguimos parar. É talvez a forma mais eficaz de controle sob as massas.

    Cada vez mais é necessário que se perceba essa situação, para que se possa tentar muda-la, ou ao menos para que criemos, para nós, processos de subjetivação que sejam benéficos e não viciosos, que nos faça pensar e não que nos transforme em robôs controlados pelas classes dominantes. 

    Uma pequena edição, dois dias depois.

    Ainda pensando sobre o assunto, me lembrei de uma música: "Minha Alma" de O Rappa.

 

Nessa canção, cheia de críticas a sociedade atual, canta-se:

    "As grades do condomínio são para trazer proteção

Mas também trazem a dúvida se é você que 'tá nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo

Faça um filho comigo

Mas não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo, domingo"

     Nesse trecho, e em outros como "Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz?", percebemos a tentativa do autor de romper com os processos de subjetivação. Mostra a necessidade do autor de não ficar preso na rotina de sempre, que ele não sente nenhum prazer, mas que não consegue romper.

    Achei que a música e o tema do texto tem grande relação, esse adendo é mais como uma indicação musical. 

(1062) Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero) - O Rappa - YouTube






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