Clube de Trocas

Hoje eu vim falar sobre a dinâmica do clube de trocas proposta pela professora. Confesso que na primeira vez que ela propôs que escolhêssemos algum objeto para trocar com os colegas de classe eu travei. Não tinha entendido qual era o objetivo da atividade e  porque dedicaríamos um tempo precioso da aula para uma “brincadeira”. Também fiquei em choque pois não estava preparada, não conseguia pensar em nada que eu tivesse levado para a aula e pudesse me desfazer. Quando percebi que estava tão apegada a coisas banais que não conseguia escolher um simples objeto sequer, fiquei preocupada. Preocupada com a dependência de bens materiais que tinha percebido em mim.

        

        No primeiro dia, troquei um clube social (era tudo que eu tinha) por um mini tsuru de origami, mas o que me chamou atenção no tsuru e por que eu escolhi ele?


      No momento em que eu vi aquele mini tsuru de origami no chão meu coração apertou, desviei o olhar e nem cogitei escolhê-lo. Tanto que quando a troca foi liberada eu escolhi um chaveiro para adicionar a minha coleção. Porém, ao final da dinâmica a professora permitiu que escolhêssemos mais algum objeto se fosse da nossa vontade. Não consegui fugir daquele sentimento e peguei o tsuru para mim. Agora você me pergunta, o que tinha de tão especial com aquele origami?



    
       Ano passado um dos meus melhores amigos faleceu. Foi um momento muito difícil para mim, eu nunca tinha me deparado com a morte ou com o luto antes. Meu amigo fazia parte do meu dia a dia, sabia dos meus segredos e sempre me ajudava e me acolhia da melhor forma. Quando ele se foi, um vazio surgiu, não podia mais compartilhar minhas vivências com ele e nunca mais ouviria as curiosidades aleatórias que ele amava aprender e contar para todo mundo. Não tive a chance de me despedir, mas ele deixou para mim um bilhete e um microscópio que era assunto de diversas das nossas conversas. 


Ele tinha o hábito de fazer tsurus de origami. Esse tsuru, que eu peguei no clube de troca, está na minha mochila desde o dia em que o troquei e para mim simboliza que ele está sempre comigo, é o jeito que eu encontrei de deixar que ele saiba que eu nunca vou esquecer dele.


Depois de viver tudo isso, não tive outra escolha a não ser valorizar o clube de troca e perceber como um simples objeto pode mudar o dia de uma pessoa e significar tanto para ela.


Lívia Gimenez

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