A arte para o povo

    O projeto "Portões que Falam" é uma iniciativa importante para a inclusão.

   Infelizmente, a arte, mesmo com todo o progresso feito desde a Semana de Arte Moderna em 1922, continua muito elitizada. O acesso às artes é ainda muito difícil e muito distante para uma grande maioria de pessoas no Brasil. Não tenho muito conhecimento sobre o mundo das artes plásticas, porém consigo enxergar o que é a maior crítica e objetivo do projeto nas áreas que tenho mais familiaridade: a literatura e a música.  

    Começando pela literatura, o mais básico dos comentários é o quanto é inviável a compra de livros. Eu, como uma ávida leitora, sei o quanto é difícil manter essa prática, entrar em uma livraria e não encontrar livros que custam menos de 40 reais. Como se espera que uma sociedade com um salário mínimo insuficiente para a sobrevivência consiga ter acesso ao luxo que hoje o livro se tornou? 

    Além disso, tenho uma crítica um pouco mais voltada a comunidade leitora. Por que tantos consideram que cultura é apenas dada pela leitura de clássicos? Por que ler "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é mais válido do que ler "Harry Potter"? E ainda, por que ler um clássico estrangeiro, como Jane Austin ou "O Morro dos Ventos Uivantes", é mais válido do que ler autores nacionais dos dias atuais, como Raphael Montes? Quando a leitura de não clássicos é desconsiderada, temos uma ainda maior desmotivação para a prática de ler ou até mesmo de escrever. Por que lançar um livro que não será considerado literatura? Ou por que ler um livro que não me trará "cultura"? A análise da situação mundial pode, e não apenas pode como deve, ser feita também por livros atuais, por autores que vivem hoje, que criticam e que mostram o mundo atual de uma forma que todos possam entender. Isso não é cultura? Não é aprender? E por que a desvalorização dos autores nacionais? Por que não lemos as histórias que se passam em território brasileiro, que mostram a situação do nosso país? Temos tantos autores brasileiros que são brilhantes e não tem o conhecimento que merecem, por não serem clássicos ou europeus/estadunidense.

    Na área da música, não temos muita diferença. Certos estilos musicais são mais valorizados do que outros. Porém, a música também é popular. Apesar da desvalorização do funk, do sertanejo, do rap, e muitos outros, há a crítica. 

    Exemplificando com o último citado, o rap. O estilo musical que nasceu das massas, da necessidade de sermos ouvidos. Se os "fiscais de cultura" podem argumentar que música clássica é mais cultura, me arrisco em dizer que discordo, que o rap é mais cultura. Cultura é "a capacidade dos seres humanos de produzirem, criarem, transformarem significados sobre o mundo que os rodeia", considerando esse significado, dar voz àqueles que precisam ser ouvidos é a forma mais autêntica de cultura. Deixar que o povo mostre sua identidade, mostre o mundo que os rodeia, isso é cultura.

    Termino esse texto indicando um livro nacional, de um autor já citado. Apesar de não ter relação com o tema, penso que pode ser um passo para a valorização do nacional, que eu preguei durante minha dissertação.










    

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